No último sábado (1º) a Comissão de Combate e Enfrentamento à Violência Doméstica de Familiar Contra a Mulher (COMCEVID) da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB/MS), entre outras mulheres, autoridades e representantes de movimentos sociais e sociedade civil, participaram da Audiência Pública sobre “A Cultura do Estupro”. O evento foi realizado na Escola da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul por iniciativa do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem).
A presidente da COMCEVID, Carine Beatriz Giaretta, acredita que a banalização da violência contra a mulher só vai mudar se as ações que provocam essa mudança forem intensificadas. “A OAB está atenta às questões de violência de gênero por intermédio da COMCEVID e busca, junto à sociedade, sensibilizar as pessoas para esta discussão proibindo a violação dos direitos e respeitando, sobretudo, os movimentos de mulheres e feministas”, disse Carine.
A coordenadora do Nudem, defensora pública da mulher, Edmeiry Silara Broch Festi, presidiu os trabalhos. Na ocasião, as defensoras públicas Graziele Carra Dias Ocáriz e Thaís Dominato Silva Teixeira, colaboraram com a exposição sobre as situações vividas na rotina da instituição relacionadas à violência contra as mulheres.
De acordo com a coordenadora do Núcleo o objetivo do evento é compilar sugestões, compromissos, projetos e ações concretas que visem a desconstrução da cultura do estupro. “Em uma época em que as informações estão disponíveis de modo viral na internet e nos aplicativos de celular, queremos trazer a discussão dos direitos humanos da mulher, demonstrando que não se trata de defesa de uma ‘ideologia’, pois estamos falando de realidade estampada em números absurdos de violação de direitos", explicou Edmeiry Broch.
O Nudem divulgou que por dia, ano passado, 10 mulheres procuraram serviço de urgência (telefone 180) para relatarem algum tipo de violência sexual sofrida.
Dados
De acordo com a Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180 registrou em 2015 cerca de 10 casos de violência sexual por dia, com um aumento de 165,27% no número de estupros em relação ao levantamento anterior.
Dados do Mapa da Violência de 2015 mostram que entre 2003 e 2013, o número de vítimas de homicídio do sexo feminino passou de 3.937 para 4.762; um aumento de 21% na década.
O Brasil tem taxa de 4,8 homicídios por cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo em um ranking com 83 países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).